O objetivo deste Blog é apresentar a teoria mais linda, completa, irrefutável e útil de todas......
Estou falando da Teoria Geral de sistemas!!!! Então?? Vamos lá???
1.
Introdução
Houve uma
mudança no estudo científico. Enquanto antes predominava a especialização,
gerada pela fragmentação das ciências, hoje vemos a integração de campos de
estudo, gerando o aparecimento de novas ciências multidisciplinares. A Ciência
de Sistemas é tomada como um todo e aplicada ao estudo dos todos. Assim, o “moderno
enfoque dos Sistemas” procura desenvolver:
· uma
técnica para lidar com a grande e complexa empresa;
· um enfoque
sintético do todo, o qual não permite a análise em separado das partes do todo,
em virtude das intricadas interrelações das partes entre si e com o todo, as
quais não podem ser tratadas fora do contexto do todo;
· o estudo
das relações entre os elementos componentes, em preferência ao estudo dos
elementos em si, destacando-se o processo e as probabilidades de transição,
especificadas em função dos seus arranjos estruturais e da sua dinâmica.
Portanto, esta Unidade pretende mostrar a criação da Teoria Geral dos Sistemas e as
características, componentes e ambientes dos sistemas, assim como a empresa
deve ser vista como um sistema e utilizar o pensamento sistêmico para melhorar
seus processos de tomadas de decisões.
2 Teoria Geral dos Sistemas
Os trabalhos do
biólogo austríaco Karl Ludwig von Bertalanffy publicados entre 1950 e 1968
deram origem à Teoria Geral de
Sistemas, a saber:
|
“The Theory of Open
Systems in Physics and Biology”, 1950
“General Systems Theory:
A New Approach to Unity of Science”, in Human Biology, dez./1951
“General Systems Theory”,
in Yearbook of the Society for General System Research, 1956
“General Systems Theory”,
|
A Teoria Geral dos
Sistemas proposta por Bertalanffy pode ser considerada a teoria das teorias,
pois parte de um conceito abstrato de sistemas em busca de regras de valores em
geral, aplicáveis a qualquer tipo de sistema em várias áreas do conhecimento,
tais como:
· Biologia
(sistema respiratório)
· Física
(sistema solar)
· Matemática
(sistema de numeração)
Para Bertalanffy
(1975), “Sistema é um conjunto de unidades reciprocamente relacionadas. A
compreensão das propriedades dos sistemas só pode ser descrita ao estudá-lo
globalmente, com todas as interdependências dos seus subsistemas”.
Na Teoria Geral dos
Sistemas, em vez de estudarmos o todo em relação à suas partes, as partes
começam a ser explicadas de acordo com o todo.
As premissas
básicas da Teoria Geral dos Sistemas:
1- Os sistemas existem dentro de sistemas- O foco do observador determina o nível do sistema
observado. O que para um observador é super-sistema, para outro é sistema e
assim por diante. Por exemplo: o corpo humano é um super-sistema, do qual o
aparelho cardiovascular é um sistema e o coração um subsistema; mas o coração
pode ser visto como um super-sistema, do qual os ventrículos são sistemas;
2- Os sistemas são abertos- ou seja,
estão em permanente intercâmbio com outros sistemas. Os sistemas tanto influenciam como recebem influência do meio onde
estão inseridos;
3- As funções de um
sistema dependem de sua estrutura- isto significa que os elementos da estrutura
de um sistema lhe dão condições de atuar.
Para Djalma
Oliveira (2002, p. 31), “sistema é um
conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam
um todo unitário com determinado objetivo e efetuam uma determinada função”.
3 Ambiente, níveis, características e componentes de um sistema e como a
empresa é vista como um sistema
Outro
aspecto a ser abordado é o ambiente do sistema, principalmente quando o sistema
considerado é a própria empresa tratada como um todo.
Ambiente é
o conjunto de todos os fatores que, dentro de um limite específico, se possa
conceber como tendo alguma influência sobre a operação do sistema.
Ambiente é
o conjunto de elementos que não pertencem ao sistema, mas:
· qualquer
alteração no sistema pode mudar ou alterar os elementos; e
· qualquer
alteração nos elementos pode mudar ou alterar o sistema.
Quando
ocorre uma mudança no próprio sistema ou no seu ambiente, o sistema possui a
habilidade de adaptação para se modificar ou modificar seu ambiente. Ou seja,
ele é capaz de dar uma resposta interna (dentro do sistema) ou externa (no seu
ambiente), podendo resultar em quatro tipos de adaptação:
· Adaptação
ambiente-ambiente- ocorre quando um sistema reage a uma mudança ambiental,
modificando o ambiente;
· Adaptação
ambiente-sistema- ocorre quando um sistema reage a uma mudança ambiental e se
modifica;
· Adaptação
sistema-ambiente- ocorre quando um sistema reage a uma mudança interna,
modificando o ambiente;
· Adaptação
sistema-sistema- ocorre quando um sistema reage a uma mudança interna,
modificando a si mesmo.
O desenho
a seguir mostra alguns exemplos de elementos que compõe o ambiente da empresa,
se esta for o sistema o qual está sendo considerado. Desta forma, se algum
elemento do ambiente se alterar, ele poderá alterar o sistema, assim como, se
alguma mudança no sistema ocorrer esta poderá alterar um ou mais elementos do
ambiente.
Neste
intercâmbio contínuo de energia (saída/entrada) com o ambiente, o sistema busca
ganhar eficiência, devendo manter coerência com os objetivos a serem alcançados.
No entanto, esta dinâmica não é homogênea, e a velocidade e as maneiras de como
ocorre a entropia nos sistemas é diferenciada.
O ambiente
é também chamado de “meio ambiente”, “meio externo”, “meio” ou “entorno”.
Segundo Djalma Oliveira (1990, p. 34), devem ser considerados, no mínimo, três
níveis na hierarquia de sistemas:
· sistema- é
o que se está estudando ou considerando;
· subsistemas-
são as partes identificadas de forma estruturada, que integram o sistema;
· supersistema
ou ecossistema- é o todo e o sistema é um subsistema dele.
Os três
níveis de um sistema podem ser visualizados na figura abaixo:
Fonte: OLIVEIRA (2002, p. 38).
Exemplo........
SISTEMA- é a
empresa
SUBSISTEMAS- são os departamentos que
compõem a empresa
SUPERSISTEMA OU ECOSSISTEMA- é o ambiente e a
empresa é um subsistema
dele
No entanto, ao mudar o foco de análise:
SISTEMA- é o departamento financeiro da empresa
SUBSISTEMAS- são os setores que compõem o departamento financeiro da empresa, tais como: contas a pagar e contas
a receber.
SUPERSISTEMA OU ECOSSISTEMA- é a empresa e o departamento financeiro é um subsistema dela
Quanto à
integração do sistema com o ambiente, devem ser consideradas algumas características
dos sistemas, tais como:
· Globalismo
ou totalidade- o sistema é um todo que não pode ser subdividido sem a perda de
suas características essenciais e, portanto, ele deve ser estudado como um
todo;
· Interdependência
e Interrelação de objetos- estas interrelações podem ser simbióticas, quando as partes não podem funcionar só, ou sinergísticas, quando existe uma ação
combinada entre as partes, de modo que o resultado da sua ação simultânea
produz resultados diferentes daqueles que seriam obtidos com as partes atuando
independentemente;
· entropia-
tendência natural ao desgaste, desorganização, apresentada pelos sistemas;
· entropia
negativa- processo reativo dos sistemas para deter o processo entrópico e se
organizarem para a sobrevivência, através de maior ordenação.
· homeostase-
tendência a um equilíbrio interno e dinâmico entre as partes do sistema, face
às mudanças externas do meio ambiente;
· Propósito
ou objetivo: todo sistema tem um ou alguns objetivos a alcançar.
Os
componentes de um sistema podem ser visualizados na figura abaixo:
FIGURA 2 - Componentes de um sistema.
Fonte: OLIVEIRA (2002, p. 36).
Os
sistemas são compostos por:
· objetivos,
que se referem tanto aos objetivos dos usuários do sistema, quanto aos do
próprio sistema. O objetivo é a própria razão de existência do sistema, ou
seja, é a finalidade para a qual o sistema foi criado;
· entradas
do sistema, cuja função caracteriza as forças que fornecem ao sistema o
material, a informação e a energia para a operação ou processo, o qual gerará
determinadas saídas do sistema que devem estar em sintonia com os objetivos
estabelecidos;
· processo
de transformação do sistema, que é definido como a função que possibilita a
transformação de um insumo (entrada) em um produto, serviço ou resultado
(saída). Este processador é a maneira pela qual os elementos componentes
interagem no sentido de produzir as saídas desejadas;
· saídas do
sistema, que correspondem aos resultados do processo de transformação. As
saídas podem ser definidas como as finalidades para as quais se uniram
objetivos, atributos e relações do sistema. As saídas devem ser, portanto,
coerentes com os objetivos do sistema; e, tendo em vista o processo de controle
e avaliação, as saídas devem ser quantificáveis, de acordo com critérios e
parâmetros previamente fixados;
· controles
e avaliações do sistema, principalmente para verificar se as saídas estão
coerentes com os objetivos estabelecidos. Para realizar o controle e a
avaliação de maneira adequada, é necessária uma medida do desempenho do
sistema, chamada padrão;
· retroalimentação,
ou realimentação, ou feedback do
sistema, que pode ser considerado como a reintrodução de uma saída sob a forma
de informação. A realimentação é um processo de comunicação que reage a cada
entrada de informação incorporando o resultado da “ação resposta” desencadeada
por meio de nova informação, a qual afetará seu comportamento subsequente, e
assim sucessivamente. Essa realimentação é um instrumento de regulação
retroativa ou de controle, em que as informações realimentadas são resultados
das divergências verificadas entre as respostas de um sistema e os parâmetros
previamente estabelecidos. Portanto, o objetivo do controle é reduzir as
discrepâncias ao mínimo, bem como propiciar uma situação em que esse sistema se
torna auto-regulador.
O enfoque
sistêmico determina que uma empresa deve ser vista como um sistema, pois, assim
como um sistema, ela é formada por partes que só podem ser entendidas como um
todo, possui objetivos, recebe influência e influencia o ambiente, sendo
portanto um sistema aberto. Além disso, ela também possui as características
dos sistema e pode ser entendida de acordo com os componentes de um sistema. Se
for considerado um restaurante fast-food como exemplo de uma empresa como
sistema, seus componentes podem ser descritos tais como:
· Objetivos
– fornecer refeições rápidas.
· Entradas
do sistema- toda matéria prima, insumos e recursos necessários para iniciar o
funcionamento do restaurante (alimentos, funcionários, espaço físico,
maquinário, mobiliário etc).
· Processo
de transformação do sistema- é o próprio funcionamento do restaurante, com
vendas e fabricação dos alimentos.
· Saídas do
sistema- é a conclusão da etapa anterior, quando o produto final é entregue ao
cliente e a compra finalizada.
· Controle e
avaliação do sistema- poderá ser feita tanto pelo cliente, que avalia o produto
entregue, como pela gerência, ao avaliar se os objetivos definidos foram alcançados.
· Retroalimentação
ou realimentação ou feedback do sistema- é a resposta dada, após o controle,
para retornar ao início do processo. Se o controle verificar que as saídas
estão de acordo com o objetivo estabelecido, o processo pode continuar do mesmo
jeito, pois está satisfatório. No entanto, se a avaliação for negativa, o
feedback sinalizará que algo deve ser alterado na entrada para .
O que
permite a um sistema aberto organizar-se é a informação. Ela é a fonte de
energia necessária para o funcionamento de um sistema, que a capta do meio,
processando em seu interior e liberando novamente a informação necessária à sua
organização.
E esta é
uma realidade atual e que se intensificará ao longo das décadas. As empresas
(sistemas) que não estiverem atentas aos processos de mudanças globais estão
fadadas à entropia positiva (desagregação), ao envelhecimento e ao
desaparecimento.
4 Aplicações do pensamento sistêmico
Se o
subsistema de administração funciona de forma correta, cada passo do plano é
pensado e justificado em função do objetivo global. A falta de um enfoque
sistêmico não proporciona objetivos que guiam um indivíduo ou grupo de
indivíduos a pensar no modo de começar.
Os
sistemas que serão estudados incluem empresas, indústrias, hospitais, instituições
educacionais, etc e é preciso administrar com um enfoque sistêmico os diversos
recursos que compõem estes sistemas, tais como: seres humanos, matérias primas,
recursos financeiros, materiais, etc.
Um
objetivo dominante de todos os administradores de sistemas é a eficiência das
operações: a tarefa é reduzir custos. Custo neste contexto significa o uso de
recursos. Toda vez que um administrador opera dentro de um sistema está sujeito
a um orçamento. Sua tarefa é manter o sistema em sua eficiência máxima a um
custo mínimo.
O enfoque
da eficiência está em fazer do “melhor modo”. O melhor modo deve ser relativo
ao sistema como um todo, do ponto de vista global, e não apenas relativo a um
subsistema.
Um perito
em eficiência pode ficar chocado com problemas comuns às empresas, tais como:
· estoques
desnecessários em industrias
· pessoal
ocioso em um hospital
· tarefas
burocráticas desnecessárias em um órgão do governo
Ele tem
razão, dentro de limites de cada divisão da organização. A avaliação da
eficiência em um segmento da organização e a tomada de decisão por um corte de
custos neste segmento, pode ocasionar, ao contrário do esperado, aumento de
custos para o sistema global.
Exemplo do
funcionamento de um aeroporto:
Se um
profissional, com o objetivo de diminuir custos, tenta implantar um sistema em
os aviões partem e chegam a exatamente a cada minuto, pode não conseguir em
função da realidade, por exemplo, das condições climáticas que podem ocasionar
atrasos.
Da mesma
forma, se avaliar peças de aviões em estoque no pátio do aeroporto, pode
visualizar um desperdício. Entretanto estas peças podem ser vitais para
reposição e segurança dos aviões. Uma abordagem mais real pode se basear na
estatística, onde poderá se estimar um modelo de probabilidade, do tempo que um
avião gasta para suas operações.
Que nível
de serviço é o desejado? Assim poderá se estudar a necessidade ou não por
exemplo, da construção de uma nova pista para atender a demanda requerida.
Rotular a
ociosidade como ineficiência é não compreender a idéia central do planejamento
sistêmico. O custo total da operação do aeroporto deve ser calculado em função
de cada programa implantado e de sua relação com o sistema global. Para fazer
isso é necessário um modelo do sistema que procurará um ponto ótimo entre a
redução do custo de ociosidade e a eficiência do sistema para seus usuários. Do
simples fato de existirem homens ou equipamentos ociosos não se pode inferir
que o sistema esteja operando ineficientemente do ponto de vista do custo
total.
Um estoque
mínimo pode ser necessário para fazer frente a pedidos inesperados ou para
reposição necessária de segurança. Sem uma medida de rendimento total do
sistema em relação à qual se possa comparar custos, os dados sobre custos não
significam absolutamente nada. Isto não significa também que ociosidade seja
sempre desejada, mas que ela, por si só, não é o único problema a ser
considerado quando se pensa em um sistema em funcionamento.
Exemplo........
5 Revendo nossos estudos....
O sistema
é um arranjo de suas partes, com funções e objetivos estabelecidos. Suas partes
podem ser definidas como subsistemas, também com funções e objetivos próprios.
O sistema faz parte de um sistema maior, com o qual mantém relações de troca de
energia e de influências mútuas.
O sistema
sempre funcionará sinergicamente, ou seja, com um contínuo esforço das partes
para alcançar os objetivos do todo. Deve-se, portanto, combinar esses esforços
de uma melhor utilização das partes do sistema visando a obtenção de um
resultado total que será maior que a soma dos resultados parciais.
O ambiente
do sistema corresponde a aquilo que esta situado fora do sistema.
Deve- se
ter uma maneira mais inteligente de pensar, que busque mais que a simples
definição de limites.
Quando se
diz que algo esta fora do sistema, significa dizer que o sistema pode fazer
relativamente pouco a respeito das características ou comportamento de tal
coisa.
6 Para saber mais!
· Vídeos:
"Saculejo"
- Teoria Geral dos Sistemas
O Pensamento Sistêmico
no Cotidiano e no Mundo dos Negócios
Visão
sistêmica
·
Links:
Síntese – Teoria Geral dos Sistemas
– Ludwig Von Bertalanff
Teoria Geral dos Sistemas: Teoria e
Aplicações
Referências
OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças
de. Sistemas, organização e métodos: uma
abordagem gerencial. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
VON BERTALANFFY, Ludwig. Teoria Geral dos Sistemas. Petrópolis: Vozes, 1975.