domingo, 27 de novembro de 2016

Teoria Geral de sistemas

Olás!

O objetivo deste Blog é apresentar a teoria mais linda, completa, irrefutável e útil de todas......

Estou falando da Teoria Geral de sistemas!!!! Então?? Vamos lá???



1.    Introdução

Houve uma mudança no estudo científico. Enquanto antes predominava a especialização, gerada pela fragmentação das ciências, hoje vemos a integração de campos de estudo, gerando o aparecimento de novas ciências multidisciplinares. A Ciência de Sistemas é tomada como um todo e aplicada ao estudo dos todos. Assim, o “moderno enfoque dos Sistemas” procura desenvolver:

·     uma técnica para lidar com a grande e complexa empresa;

·     um enfoque sintético do todo, o qual não permite a análise em separado das partes do todo, em virtude das intricadas interrelações das partes entre si e com o todo, as quais não podem ser tratadas fora do contexto do todo;

·     o estudo das relações entre os elementos componentes, em preferência ao estudo dos elementos em si, destacando-se o processo e as probabilidades de transição, especificadas em função dos seus arranjos estruturais e da sua dinâmica.

Portanto, esta Unidade pretende mostrar a criação da Teoria Geral dos Sistemas e as características, componentes e ambientes dos sistemas, assim como a empresa deve ser vista como um sistema e utilizar o pensamento sistêmico para melhorar seus processos de tomadas de decisões.



2 Teoria Geral dos Sistemas

Os trabalhos do biólogo austríaco Karl Ludwig von Bertalanffy publicados entre 1950 e 1968 deram origem à Teoria Geral de Sistemas, a saber:


“The Theory of Open Systems in Physics and Biology”, 1950
“General Systems Theory: A New Approach to Unity of Science”, in Human Biology, dez./1951
“General Systems Theory”, in Yearbook of the Society for General System Research, 1956
“General Systems Theory”, New York, 1968

A Teoria Geral dos Sistemas proposta por Bertalanffy pode ser considerada a teoria das teorias, pois parte de um conceito abstrato de sistemas em busca de regras de valores em geral, aplicáveis a qualquer tipo de sistema em várias áreas do conhecimento, tais como:

·     Biologia (sistema respiratório)
·     Física (sistema solar)
·     Matemática (sistema de numeração)

Para Bertalanffy (1975), “Sistema é um conjunto de unidades reciprocamente relacionadas. A compreensão das propriedades dos sistemas só pode ser descrita ao estudá-lo globalmente, com todas as interdependências dos seus subsistemas”.

Na Teoria Geral dos Sistemas, em vez de estudarmos o todo em relação à suas partes, as partes começam a ser explicadas de acordo com o todo.

As premissas básicas da Teoria Geral dos Sistemas:

1- Os sistemas existem dentro de sistemas- O foco do observador determina o nível do sistema observado. O que para um observador é super-sistema, para outro é sistema e assim por diante. Por exemplo: o corpo humano é um super-sistema, do qual o aparelho cardiovascular é um sistema e o coração um subsistema; mas o coração pode ser visto como um super-sistema, do qual os ventrículos são sistemas;

2- Os sistemas são abertos- ou seja, estão em permanente intercâmbio com outros sistemas. Os sistemas tanto influenciam como recebem influência do meio onde estão inseridos;

3- As funções de um sistema dependem de sua estrutura- isto significa que os elementos da estrutura de um sistema lhe dão condições de atuar.

Para Djalma Oliveira (2002, p. 31), “sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam uma determinada função”.


3 Ambiente, níveis, características e componentes de um sistema e como a empresa é vista como um sistema

Outro aspecto a ser abordado é o ambiente do sistema, principalmente quando o sistema considerado é a própria empresa tratada como um todo.

Ambiente é o conjunto de todos os fatores que, dentro de um limite específico, se possa conceber como tendo alguma influência sobre a operação do sistema.

Ambiente é o conjunto de elementos que não pertencem ao sistema, mas:

·     qualquer alteração no sistema pode mudar ou alterar os elementos; e

·     qualquer alteração nos elementos pode mudar ou alterar o sistema.

Quando ocorre uma mudança no próprio sistema ou no seu ambiente, o sistema possui a habilidade de adaptação para se modificar ou modificar seu ambiente. Ou seja, ele é capaz de dar uma resposta interna (dentro do sistema) ou externa (no seu ambiente), podendo resultar em quatro tipos de adaptação:

·     Adaptação ambiente-ambiente- ocorre quando um sistema reage a uma mudança ambiental, modificando o ambiente;

·     Adaptação ambiente-sistema- ocorre quando um sistema reage a uma mudança ambiental e se modifica;

·     Adaptação sistema-ambiente- ocorre quando um sistema reage a uma mudança interna, modificando o ambiente;

·     Adaptação sistema-sistema- ocorre quando um sistema reage a uma mudança interna, modificando a si mesmo.

O desenho a seguir mostra alguns exemplos de elementos que compõe o ambiente da empresa, se esta for o sistema o qual está sendo considerado. Desta forma, se algum elemento do ambiente se alterar, ele poderá alterar o sistema, assim como, se alguma mudança no sistema ocorrer esta poderá alterar um ou mais elementos do ambiente.



Neste intercâmbio contínuo de energia (saída/entrada) com o ambiente, o sistema busca ganhar eficiência, devendo manter coerência com os objetivos a serem alcançados. No entanto, esta dinâmica não é homogênea, e a velocidade e as maneiras de como ocorre a entropia nos sistemas é diferenciada.

O ambiente é também chamado de “meio ambiente”, “meio externo”, “meio” ou “entorno”. Segundo Djalma Oliveira (1990, p. 34), devem ser considerados, no mínimo, três níveis na hierarquia de sistemas:

·     sistema- é o que se está estudando ou considerando;

·     subsistemas- são as partes identificadas de forma estruturada, que integram o sistema;

·     supersistema ou ecossistema- é o todo e o sistema é um subsistema dele.

Os três níveis de um sistema podem ser visualizados na figura abaixo:



 FIGURA 1 - Níveis de um sistema.
Fonte: OLIVEIRA (2002, p. 38).


Exemplo........

SISTEMA- é a empresa

SUBSISTEMAS- são os departamentos que compõem a empresa

SUPERSISTEMA OU ECOSSISTEMA- é o ambiente e a empresa é um subsistema dele


No entanto, ao mudar o foco de análise:

SISTEMA- é o departamento financeiro da empresa

SUBSISTEMAS- são os setores que compõem o departamento financeiro da empresa, tais como: contas a pagar e contas a receber.

SUPERSISTEMA OU ECOSSISTEMA- é a empresa e o departamento financeiro é um subsistema dela




Quanto à integração do sistema com o ambiente, devem ser consideradas algumas características dos sistemas, tais como:

·     Globalismo ou totalidade- o sistema é um todo que não pode ser subdividido sem a perda de suas características essenciais e, portanto, ele deve ser estudado como um todo;

·     Interdependência e Interrelação de objetos- estas interrelações podem ser simbióticas, quando as partes não podem funcionar só, ou sinergísticas, quando existe uma ação combinada entre as partes, de modo que o resultado da sua ação simultânea produz resultados diferentes daqueles que seriam obtidos com as partes atuando independentemente;

·     entropia- tendência natural ao desgaste, desorganização, apresentada pelos sistemas;

·     entropia negativa- processo reativo dos sistemas para deter o processo entrópico e se organizarem para a sobrevivência, através de maior ordenação.

·     homeostase- tendência a um equilíbrio interno e dinâmico entre as partes do sistema, face às mudanças externas do meio ambiente;

·     Propósito ou objetivo: todo sistema tem um ou alguns objetivos a alcançar.

Os componentes de um sistema podem ser visualizados na figura abaixo:



FIGURA 2 - Componentes de um sistema.
Fonte: OLIVEIRA (2002, p. 36).

Os sistemas são compostos por:

·     objetivos, que se referem tanto aos objetivos dos usuários do sistema, quanto aos do próprio sistema. O objetivo é a própria razão de existência do sistema, ou seja, é a finalidade para a qual o sistema foi criado;

·     entradas do sistema, cuja função caracteriza as forças que fornecem ao sistema o material, a informação e a energia para a operação ou processo, o qual gerará determinadas saídas do sistema que devem estar em sintonia com os objetivos estabelecidos;

·     processo de transformação do sistema, que é definido como a função que possibilita a transformação de um insumo (entrada) em um produto, serviço ou resultado (saída). Este processador é a maneira pela qual os elementos componentes interagem no sentido de produzir as saídas desejadas;

·     saídas do sistema, que correspondem aos resultados do processo de transformação. As saídas podem ser definidas como as finalidades para as quais se uniram objetivos, atributos e relações do sistema. As saídas devem ser, portanto, coerentes com os objetivos do sistema; e, tendo em vista o processo de controle e avaliação, as saídas devem ser quantificáveis, de acordo com critérios e parâmetros previamente fixados;

·     controles e avaliações do sistema, principalmente para verificar se as saídas estão coerentes com os objetivos estabelecidos. Para realizar o controle e a avaliação de maneira adequada, é necessária uma medida do desempenho do sistema, chamada padrão;

·     retroalimentação, ou realimentação, ou feedback do sistema, que pode ser considerado como a reintrodução de uma saída sob a forma de informação. A realimentação é um processo de comunicação que reage a cada entrada de informação incorporando o resultado da “ação resposta” desencadeada por meio de nova informação, a qual afetará seu comportamento subsequente, e assim sucessivamente. Essa realimentação é um instrumento de regulação retroativa ou de controle, em que as informações realimentadas são resultados das divergências verificadas entre as respostas de um sistema e os parâmetros previamente estabelecidos. Portanto, o objetivo do controle é reduzir as discrepâncias ao mínimo, bem como propiciar uma situação em que esse sistema se torna auto-regulador.

O enfoque sistêmico determina que uma empresa deve ser vista como um sistema, pois, assim como um sistema, ela é formada por partes que só podem ser entendidas como um todo, possui objetivos, recebe influência e influencia o ambiente, sendo portanto um sistema aberto. Além disso, ela também possui as características dos sistema e pode ser entendida de acordo com os componentes de um sistema. Se for considerado um restaurante fast-food como exemplo de uma empresa como sistema, seus componentes podem ser descritos tais como:

·     Objetivos – fornecer refeições rápidas.

·     Entradas do sistema- toda matéria prima, insumos e recursos necessários para iniciar o funcionamento do restaurante (alimentos, funcionários, espaço físico, maquinário, mobiliário etc).

·     Processo de transformação do sistema- é o próprio funcionamento do restaurante, com vendas e fabricação dos alimentos.

·     Saídas do sistema- é a conclusão da etapa anterior, quando o produto final é entregue ao cliente e a compra finalizada.

·     Controle e avaliação do sistema- poderá ser feita tanto pelo cliente, que avalia o produto entregue, como pela gerência, ao avaliar se os objetivos definidos foram alcançados.

·     Retroalimentação ou realimentação ou feedback do sistema- é a resposta dada, após o controle, para retornar ao início do processo. Se o controle verificar que as saídas estão de acordo com o objetivo estabelecido, o processo pode continuar do mesmo jeito, pois está satisfatório. No entanto, se a avaliação for negativa, o feedback sinalizará que algo deve ser alterado na entrada para .

O que permite a um sistema aberto organizar-se é a informação. Ela é a fonte de energia necessária para o funcionamento de um sistema, que a capta do meio, processando em seu interior e liberando novamente a informação necessária à sua organização.

E esta é uma realidade atual e que se intensificará ao longo das décadas. As empresas (sistemas) que não estiverem atentas aos processos de mudanças globais estão fadadas à entropia positiva (desagregação), ao envelhecimento e ao desaparecimento.

4 Aplicações do pensamento sistêmico

Se o subsistema de administração funciona de forma correta, cada passo do plano é pensado e justificado em função do objetivo global. A falta de um enfoque sistêmico não proporciona objetivos que guiam um indivíduo ou grupo de indivíduos a pensar no modo de começar.

Os sistemas que serão estudados incluem empresas, indústrias, hospitais, instituições educacionais, etc e é preciso administrar com um enfoque sistêmico os diversos recursos que compõem estes sistemas, tais como: seres humanos, matérias primas, recursos financeiros, materiais, etc.

Um objetivo dominante de todos os administradores de sistemas é a eficiência das operações: a tarefa é reduzir custos. Custo neste contexto significa o uso de recursos. Toda vez que um administrador opera dentro de um sistema está sujeito a um orçamento. Sua tarefa é manter o sistema em sua eficiência máxima a um custo mínimo.

O enfoque da eficiência está em fazer do “melhor modo”. O melhor modo deve ser relativo ao sistema como um todo, do ponto de vista global, e não apenas relativo a um subsistema.

Um perito em eficiência pode ficar chocado com problemas comuns às empresas, tais como:

·     estoques desnecessários em industrias
·     pessoal ocioso em um hospital
·     tarefas burocráticas desnecessárias em um órgão do governo

Ele tem razão, dentro de limites de cada divisão da organização. A avaliação da eficiência em um segmento da organização e a tomada de decisão por um corte de custos neste segmento, pode ocasionar, ao contrário do esperado, aumento de custos para o sistema global.

Exemplo do funcionamento de um aeroporto:

Se um profissional, com o objetivo de diminuir custos, tenta implantar um sistema em os aviões partem e chegam a exatamente a cada minuto, pode não conseguir em função da realidade, por exemplo, das condições climáticas que podem ocasionar atrasos.

Da mesma forma, se avaliar peças de aviões em estoque no pátio do aeroporto, pode visualizar um desperdício. Entretanto estas peças podem ser vitais para reposição e segurança dos aviões. Uma abordagem mais real pode se basear na estatística, onde poderá se estimar um modelo de probabilidade, do tempo que um avião gasta para suas operações.

Que nível de serviço é o desejado? Assim poderá se estudar a necessidade ou não por exemplo, da construção de uma nova pista para atender a demanda requerida.

Rotular a ociosidade como ineficiência é não compreender a idéia central do planejamento sistêmico. O custo total da operação do aeroporto deve ser calculado em função de cada programa implantado e de sua relação com o sistema global. Para fazer isso é necessário um modelo do sistema que procurará um ponto ótimo entre a redução do custo de ociosidade e a eficiência do sistema para seus usuários. Do simples fato de existirem homens ou equipamentos ociosos não se pode inferir que o sistema esteja operando ineficientemente do ponto de vista do custo total.

Um estoque mínimo pode ser necessário para fazer frente a pedidos inesperados ou para reposição necessária de segurança. Sem uma medida de rendimento total do sistema em relação à qual se possa comparar custos, os dados sobre custos não significam absolutamente nada. Isto não significa também que ociosidade seja sempre desejada, mas que ela, por si só, não é o único problema a ser considerado quando se pensa em um sistema em funcionamento.

Exemplo........



5 Revendo nossos estudos....

O sistema é um arranjo de suas partes, com funções e objetivos estabelecidos. Suas partes podem ser definidas como subsistemas, também com funções e objetivos próprios. O sistema faz parte de um sistema maior, com o qual mantém relações de troca de energia e de influências mútuas.

O sistema sempre funcionará sinergicamente, ou seja, com um contínuo esforço das partes para alcançar os objetivos do todo. Deve-se, portanto, combinar esses esforços de uma melhor utilização das partes do sistema visando a obtenção de um resultado total que será maior que a soma dos resultados parciais.

O ambiente do sistema corresponde a aquilo que esta situado fora do sistema.
Deve- se ter uma maneira mais inteligente de pensar, que busque mais que a simples definição de limites.

Quando se diz que algo esta fora do sistema, significa dizer que o sistema pode fazer relativamente pouco a respeito das características ou comportamento de tal coisa.


6 Para saber mais!

·      Vídeos:

"Saculejo" - Teoria Geral dos Sistemas

O Pensamento Sistêmico no Cotidiano e no Mundo dos Negócios

Visão sistêmica

·      Links:

Síntese – Teoria Geral dos Sistemas – Ludwig Von Bertalanff

Teoria Geral dos Sistemas: Teoria e Aplicações


Referências

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas, organização e métodos: uma abordagem gerencial. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
VON BERTALANFFY, Ludwig. Teoria Geral dos Sistemas. Petrópolis: Vozes, 1975.